Big Sur de Jack Kerouac

“Big Sur” não é uma das mais famosas obras de Kerouac, mas ao lê-la, se mostrará a mais verdadeira. Como a maioria de seus textos é autobiográfico, você vai reconhecer Jack em cada linha.

Suas frases longas e quase musicadas, o que se chamou de discurso livre. E é com esta liberdade que cada onomatopeia vem, cada som produzido com letras, as cenas se constroem com uma beleza deliciosa. O texto é em alguns momentos até simplório, mas na sequência se apresenta grandioso.

Big Sur é uma região costeira que fica na Califórnia, é lá que Jack se retira por três semanas e começa a escrever suas experiências. Fala do mar, dos animais. Uma viagem digna de um grande Beat.

O livro revela um Kerouac mais envelhecido, cansado da fama. Em um momento do livro ele volta para a cidade e encontra seus amigos. Descobre que seu gato morreu. Se vê cada vez mais preso a construção de vida desta existência; somos a soma de nós e quem chamamos de amigos.

Muitos destes amigos também se encontram à beira da ponte gigantesca de Big Sur, olhando o mar e descobrindo que somos só pontos de carne existindo num pedaço de tempo.

Mas não pense que se trata de um livro melancólico, longe disso. É uma viagem, é a essência do que mais tarde viria a se tornar o movimento Hippie. Eles quebraram barreiras e ainda hoje refletimos esta fonte.

Trajetória

Se você leu “On the Road”, percebeu o clico da escrita de Kerouac. Todos crescem, se tornam jovens, correm o mundo com peito de ferro e depois sentam a beira de um oceano muito maior que tudo que fomos e seremos, e aprendemos a escutar o mar.

Antes de ler o livro, procurei alguma resenha para saber qual era a pegada da narrativa. Uma delas (não lembro qual) simplesmente resumiu o livro “como um cara que se trancou numa cabana, se drogou até as tampas e escreveu sobre isso”.

Apesar de ser uma visão bem simplista do que é “Big Sur”, foi esta ideia que me fez ler o livro. Alguém no limite, isolado de tudo passando por experiências alucinógenas. Me fez lembrar do filme viagens alucinantes de 1980 (se tiver um tempo procure para assistir é realmente uma puta viagem).

Mas, ao começar a ler, não vi nada tão maluco quanto dizia aquela resenha. Foi tudo muito mais humano, mais amigável, mais a cara de Jack. Confesso que foi uma boa surpresa, ele se abre neste livro, no final você acaba amigo dele, querendo estar em Big Sur bebendo, lendo poesias ou simplesmente falando muita merda sem sentido que é pura viagem.

Uma das partes que mais gostei foi quando ele decidiu voltar para a cidade, andando. Seus pés formaram bolhas, foram quinze quilômetros que pareciam nunca terminar. Seus sapatos ficaram um bagaço, mais tarde ele acabou trocando com um cara por sapatos melhores (depois se arrependeu da troca).

Resumindo caros amigos, vão até Big Sur e andem pelo viaduto gigantesco. Olhem para baixo e depois, lá debaixo, olhem para cima, encontrem o carro apodrecido no final do penhasco e peçam a benção ao burro sagrado.

Boa leitura!

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