O Beijo no Asfalto – Nelson Rodrigues

O Beijo no Asfalto trata de uma história bem simples. Arandir, o protagonista beija um desconhecido que acabou de ser atropelado e morre em sua frente.

O que no ponto de vista de Arandir foi um gesto de puro amor descompromissado ao próximo, toma uma conotação sexual por parte da sociedade.

O delegado Cunha, corrupto (estes dois nomes na mesma frase em 1960, será premonição de Nelson Rodrigues?) Junta-se com um jornalista também sem escrúpulos, Amado Ribeiro, e constroem uma trama que transforma Arandir em um homossexual que jogou o seu amante na frente de um carro.

Com isso a vida de Arandir vira de cabeça para baixo, Selma sua esposa começa a duvidar a heterossexualidade do seu marido.

Aprígio o sogro de Arandir, é o primeiro a desconfiar dele, e passa toda a história afirmando que seu genro é um homossexual disfarçado.

Para aparecer na mídia, a viúva do rapaz atropelado diz que Arandir foi a casa dela várias vezes e que ele e o marido chegaram a tomar banho juntos.

No trabalho, todos desconfiam de Arandir, a situação fica insustentável e Arandir, para despistar os jornalistas, hospeda-se em um hotel, pede que Selma vá ao se encontro, ela recusa e manda a enteada em seu lugar.

A enteada avisa que a mulher de Arandir não irá aparecer. Ela aproveita a situação e declara o seu amor.

Aprígio aparece no hotel e flagra Arandir e a enteada em uma conversa intima, fica com ciúmes e mata Arandir.

Em seu último suspiro, Aprígio também declara o seu amor a Arandir e o beija.

 

Homossexualidade

Esta obra foi publicada em 1960, a homossexualidade ainda era tabu. O Beijo no asfalto tocava no tão valorizado brio masculino, descontruindo assim um pilar da sociedade da época.

É interessante em ver as regras desta sociedade engolindo alguém que ousou fazer algo impróprio.

A manipulação da mídia, a lei que tem a certeza da condenação, nem que para isto a culpa seja apenas ficção.

E o pior, a rejeição de quem amamos, a certeza de que não somos nada mais que um peão na regra social.

Ainda hoje muitas regras implícitas nos colocam em trilhos invisíveis e marcam o passo de todos.

O homossexualismo já não é tão terrível, mas os preconceitos dançam entre os lados e dizer algo que pensa, pode ser perigoso, não dizer omissão e covardia, ficar no meio do caminho, fuga dos fracos.

E se sairmos da esfera da sexualidade, as regras ficam ainda mais absolutas e as certezas crescem mais que o preconceito.

Além do roteiro, abaixo está o filme de 1981 com direção de Bruno Barreto, com Ney Latorraca como Arandir e Tarcísio Meira como Aprígio.

Leia ou assista, nos dois casos, aproveite!

 

 

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