Nem Solidão

Existem diversos tipos de solidão, a desejada, a que consome, a que some e depois volta, a alegre. Talvez a mais triste seja a solidão dos sem pares. Aquelas pessoas que por mais que tentem, não conseguem encontrar a sua alma gêmea. Estela era assim, nem feia nem bonita, nem alta nem baixa, nem com sal nem com açúcar, eram ‘nens’ demais para uma pessoa só.

 

Mas um dia sem nem esperar, sua sorte mudou, estava ela comendo sozinha quando alguém pediu para dividir sua mesa, o restaurante estava lotado.

 

– Posso me sentar? O rapaz era alto, moreno, um tipo sem nenhum ‘nem’, alguém que jamais falaria com Estela, nem se ela fosse mais bonita.

 

– Claro! Sem nem esperar Estela disse uma única palavra e ficou lá a comer largos pedaços de seja lá o que for que tivesse no seu prato.

 

– Gosto das suas bochechas! Era o rapaz falando de suas bochechas, Estela parou de mastigar.

 

– Como? Este foi o som que pareceu sair de sua boca, ela estava cheia.

 

– Quando você come, faz bochechas, elas são muito bonitas, até sensuais.

 

– Como? Agora a boca estava vazia.

 

– Desculpe, eu nem me apresentei, meu nome é Calvo.

 

Apesar do nome, Calvo possuía uma enorme cabeleira, e sem entender, nem responder Estela se viu magicamente transportada para um quarto de motel, onde esqueceu seus ‘nens’ e sua solidão foi daquelas que some.

 

O romance parecia conto de fadas, com tudo que vinha no pacote, jantares, olhares, noites que viravam dias e dias intermináveis até que chegasse a noite.

 

Mas, sim a vida é cheia de mas, até mais que ‘nens’, estava Estela tomando um sorvete esperando o dia terminar, quando ela conheceu Paulo.

 

Paulo era o rapaz do sorvete, com alguns ‘nens’ e muitos sorrisos, ele não era estranho para ela, afinal sempre que podia tomava seu sorvete sozinha e talvez a sua nova condição a tenha deixado mais atraente, e a magica novamente aconteceu, e no mesmo motel, ela descobriu Paulo.

 

Agora seus dias passavam rápido, como passavam suas noites, mas Estela não era assim e assim tomou uma decisão, contou do um para o outro e do outro para o um e se afastou.

 

Uma semana se passou, e Estela tomou uma decisão, era Calvo que ela queria e Calvo seria sua escolha, Estela foi até o apartamento que conhecia bem e tocou a campainha, uma, duas, três vezes, Calvo demorou a abrir, ela chegou a pensar que ele não estivesse em casa, mas a porta se abriu.

 

– Estela bochechas?

 

– Calvo, eu tomei uma decisão. Neste momento a porta que estava entreaberta se abre por completo. No sofá completamente nu estava Paulo e só então Estela percebeu que este também era o estado de Calvo.

 

E num passe de mágica lá estava Estela, entre Paulo e Calvo, ela agarrou a cabeleira e Calvo e beijou o Paulo, se virou para um lado e amou de outro, Calvo se virou de um lado e amou do outro, Paulo se virou e se virou, várias e várias vezes.

 

Amanheceu a noite e anoiteceu o dia, quantas vezes puderam aguentar, enfim Estela se levantou, vestiu-se e foi embora, não beijou Paulo, nem beijou Calvo.

 

A solidão voltou, sem nem avisar.

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