Esquecimento

Um grão de feijão cai no chão de terra e fica lá esquecido.

Como se a necessidade de ser lembrado fosse algo importante.

O universo se formou sem nenhum pensamento, sem estar na lembrança de ninguém.

As águas dos rios juntam-se com outras águas e passam e passam num ciclo maior que muitas lembranças, e fazem isso sem se importar em estar no pensamento de alguém.

Lembrança é animal.

Lembrança é humano e animal. É um artifício de quem está vivo, para saber que está vivo.

Se é lembrado é por que fez alguma coisa, boa ou ruim. Seja como for, viveu.

Os vegetais têm lembranças?

Talvez, mas não seria como a dos animais. A lembrança dos animais vem com sentimento, visto que como disse, pode ser boa ou ruim.

A lembrança é pessoal, não é condição para que o outro exista. Podemos existir sem sermos lembrados.

O que não é ruim, desde que não lembremos que não somos lembrados por ninguém. Mas o medo de ser esquecido é animal, este medo nos torna dependente das lembranças.

Um cachorro tem medo de perder o dono.

Pais idosos de perder os filhos para o cotidiano.

Políticos de perder o poder, se estes viverem em democracia.

Reis de perder os súditos.

Até ditadores, de perder a admiração do povo conquistada pelo medo.

– Amigo, garçom, colega, aqui!

Olho no relógio, e percebo que fiquei tempo demais com a mesa vazia.

Levanto solitário e sigo para a saída. Ninguém fala nada, também não devo nada.

Olho para o feijão no chão de terra. Talvez germine.

Um dia volto aqui para ver.

Se eu não esquecer.

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